O método RECRIAR – Parte 1: Como transformamos nossa abordagem em saúde

[vc_row][vc_column][vc_single_image image=”4435″ img_size=”full”][vc_column_text]A saúde não se define somente como um estado de ausência de doença. Ela consiste em um bem-estar físico, mental e social, o que garante ao indivíduo vitalidade e disposição para suas atividades diárias. Qualquer condição que interfira neste singular equilíbrio entre os fatores fisiológicos e emocionais e que comprometa os relacionamentos interpessoais pode ser considerada uma força contrária à vida.

Ainda dentro deste modelo biopsicossocial da saúde, devemos considerar as particularidades de cada indivíduo. Por muitos anos, a medicina tentou adaptar o cuidado ao próximo com a mesma lógica de escalabilidade da indústria, estabelecendo tratamentos padrões e protocolos rígidos que poderiam ser aplicados a todos que se encaixassem em determinadas enfermidades. Basicamente, se “o sistema”, caracterizado aqui pelo profissional de saúde, em sua posição autoritária, auxiliado por exames laboratoriais, acusa determinada condição clínica, o indivíduo recebe um “código de barras” e passa pela “esteira” do tratamento modelo.

 Contudo, quando avaliamos a complexidade de uma única célula do corpo humano com suas milhares de reações metabólicas, percebemos que é virtualmente impossível que a simples divisão das pessoas em grandes grupos de doenças consiga abranger todas as nuances de desequilíbrios as quais o indivíduo possa apresentar. Duas pessoas com o mesmo diagnóstico de diabetes mellitus, por exemplo, podem diferir consideravelmente em termos de necessidades de abordagem. Afinal, não é somente a questão de resistência insulínica que pode estar em jogo. Quais outros comprometimentos metabólicos, emocionais e sociais que se associaram a este macro diagnóstico?

Ainda, profissionais da saúde são educados a direcionar a atenção somente na doença e no tratamento, remediando sintomas. Contudo, o cuidado com a saúde deveria começar antes mesmo dos primeiros sinais de alerta aparecerem. A prevenção não deveria se resumir à realização de exames anuais com o intuito de fazer um diagnóstico precoce, mas, sim, deveria ser uma prática de cuidado constante de forma que desequilíbrios e enfermidades nem ao menos se manifestem. Neste sentido, uma mudança de paradigma se faz muito necessária. Médico e paciente devem atuar conjuntamente no cuidado da saúde e o indivíduo deve ser estimulado e orientado a assumir um melhor controle da própria saúde.

Neste contexto de medicina da saúde, a construção de um terreno interno menos favorável à instalação de doenças é realizada por meio da abordagem de pilares básicos, mas fundamentais para o equilíbrio do indivíduo como um todo. Aspectos como inflamação crônica, inatividade física, toxinas ambientais, déficits nutricionais, problemas intestinais, inadequada higiene do sono, desequilíbrios hormonais, relacionamentos conturbados e mesmo pensamentos negativos constituem o cerne de todos os transtornos crônicos que nos acometem hoje em dia. Interessante enfatizar a influência dos fatores ambientais na manifestação desses desequilíbrios. Hoje sabemos que por um mecanismo chamado de epigenética nossos genes podem ser “moldados” para expressarem ou não as proteínas para cuja produção eles carregam o código. O exoma, que é a parte do nosso genoma efetivamente responsável por codificar as nossas proteínas, é altamente influenciado pelo nosso material genético não-codificador, os íntrons ou “DNA lixo”. Este “DNA lixo”, contudo, por sua vez, recebe informações relacionadas à dieta, atividade física, poluentes ambientais e até mesmo da nossa microbiota. Em última análise, estes fatores direcionam o “ligamento” ou “desligamento” de genes codificadores. Dessa forma, quando estamos falando na construção de um ambiente interno menos favorável à instalação de enfermidades crônicas podemos entender que a questão do determinismo genético não pode ser usada como justificativa para se ausentar da responsabilidade pela própria saúde: nossas escolhas de hábitos diários direcionam muito a manifestação do nosso código genético. A culpa por alguma disfunção não pode ser atribuída exclusivamente à ancestralidade.

O cuidado com nossos ambientes interno e externo se torna fundamental para a efetiva prevenção de transtornos crônicos, considerando que a instalação destes não se faz abruptamente. Em muitos casos, são anos de hábitos ruins cultivados diariamente que criam desequilíbrios no organismo e condições para o surgimento de enfermidades, o que faz com que pensemos na saúde-doença como um contínuo. Não ficamos saudáveis ou doentes de repente: estes estados são construídos por persistentes escolhas cotidianas. Se conseguimos, contudo, identificar algum sinal precoce de uma disfunção, podemos reprogramar certos comportamentos e redirecionar o organismo no sentido de maior vitalidade. No final, o que importa é que o indivíduo assuma uma nova consciência corporal e se sinta estimulado a viver como protagonista da própria saúde.

Incomodados com o modelo prevalente de medicina reativa e voltada para doenças e pensando em todos os aspectos relatados anteriormente, nós da miHmo decidimos criar uma estrutura de cuidado diferenciada, que possibilita o indivíduo ou nosso “miHmado”, como nos referimos, se tornar consciente das suas condições de saúde e, a partir de então, redirecionar sua jornada de vida no sentido de maior bem-estar e vitalidade.

Para tanto, desenvolvemos uma metodologia de abordagem personalizada e integrativa, que recebeu o acrônimo de RECRIAR, em alusão à nossa expectativa de contribuir para a construção de uma nova consciência coletiva em saúde. Nosso RECRIAR, uma nova forma de pensar e agir, favorece o silenciamento e a regressão de doenças, a prevenção de transtornos crônico-degenerativos e aumenta a qualidade de vida do indivíduo.   

Em nosso próximo artigo, explicaremos mais sobre o RECRIAR. Até lá.

 Referências:

  1. MORRIS, Brian J.; WILLCOX, Bradley J.; DONLON, Timothy A. Genetic and epigenetic regulation of human aging and longevity. Biochimica et Biophysica Acta (BBA)-Molecular Basis of Disease, v. 1865, n. 7, p. 1718-1744, 2019.
  2. PULCIANI, Simonetta et al. P4 medicine versus Hippocrates. Annali dell’Istituto superiore di sanita, v. 53, n. 3, p. 185-191, 2017.
  3. SAGNER, Michael et al. The P4 health spectrum–a predictive, preventive, personalized and participatory continuum for promoting healthspan. Progress in cardiovascular diseases, v. 59, n. 5, p. 506-521, 2017.

 

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